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Em abril de 2025, Nadine Heredia, ex-primeira-dama do Peru, recebeu uma sentença de 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro, em um caso ligado à construtora Odebrecht, do Brasil, e ao governo do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez. Diferentemente de Ollanta Humala, seu esposo, que acabou detido, Heredia buscou proteção na Embaixada do Brasil em Lima. A concessão de asilo diplomático pelo governo brasileiro provocou intensos debates no Peru e no Brasil.
A decisão de conceder asilo a Heredia enfrentou forte rejeição da mídia peruana. O jornal “Diario Trome” classificou a medida como vergonhosa, enquanto o “El Comercio” levantou dúvidas sobre sua legalidade. Por sua vez, o “Correo” viu o gesto como uma afronta à justiça do Peru. Mesmo diante das críticas, o governo do Brasil defendeu a concessão de asilo com base em motivos humanitários, apontando a saúde de Heredia como fator determinante.Nadine Heredia enfrentou acusações por seu envolvimento direto em práticas ilegais do Partido Nacionalista Peruano, criado por ela e seu esposo. Durante a presidência de Humala, ela teria participado da captação ilícita de recursos e de esquemas de branqueamento de capitais. A promotoria também apontou que a campanha de Humala em 2011 foi financiada com recursos ilegais da Odebrecht e do governo de Hugo Chávez.
Ilán Heredia, irmão de Nadine, também recebeu uma pena de 12 anos de prisão no mesmo julgamento. A defesa de Heredia e Humala refutou as acusações, argumentando que os promotores não apresentaram provas concretas sobre a origem ilícita dos recursos. Apesar disso, a condenação foi confirmada, e Humala foi encaminhado para uma unidade policial reservada a ex-líderes peruanos sentenciados por corrupção.
O Brasil concedeu asilo diplomático a Nadine Heredia amparado na Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954, da qual o país é signatário. A medida foi adotada depois que Heredia solicitou abrigo na Embaixada do Brasil em Lima, alegando motivos de saúde. Em resposta, o governo do Peru emitiu um salvo-conduto autorizando sua saída do país e permitindo sua ida ao Brasil para receber cuidados médicos.
O Brasil estendeu o asilo diplomático não apenas a Nadine Heredia, mas também ao seu filho caçula. A decisão do governo brasileiro foi interpretada como um ato de caráter humanitário, porém provocou reações negativas no Peru, onde parte da população e autoridades enxergaram a medida como uma intromissão nos assuntos internos do país. O episódio evidenciou as delicadas dinâmicas diplomáticas entre Brasil e Peru, sobretudo em temas relacionados a justiça e direitos humanos.
A condenação de Nadine Heredia e do ex-presidente Ollanta Humala está inserida em um amplo escândalo de corrupção vinculado à construtora Odebrecht, que envolveu diversos líderes políticos do Peru. Entre os atingidos, estão os ex-presidentes Alejandro Toledo, Pedro Pablo Kuczynski e Alan García, todos alvo de investigações e processos por corrupção. O caso de Humala e Heredia, porém, ganhou destaque internacional devido à concessão de asilo diplomático por parte do governo brasileiro.
A situação teve forte repercussão política no Peru, gerando intensos debates sobre a credibilidade do sistema judiciário e o papel de nações estrangeiras em assuntos internos. O episódio reacendeu discussões sobre a importância da transparência e da prestação de contas por parte dos governantes, além de evidenciar a urgência de reformas estruturais no enfrentamento à corrupção no país.