Em Entrevista, Jornalista Norte-Americano Revela Envolvimento do TSE com FBI

Foto: Reprodução

Na última terça-feira, (09), Michael Shellenberger, o jornalista norte-americano responsável pelo Twitter Files Brazil, comunicou ao Poder360 que existem outros arquivos a serem analisados e investigados em relação às requisições judiciais brasileiras direcionadas à rede social X (anteriormente conhecida como Twitter). Essas requisições abrangem a liberação de dados pessoais e a suspensão de perfis.

“Acredito que todo o material que tenha interesse público foi divulgado. Meus jornalistas parceiros acharam mais coisa. É possível que publiquem. Eu estava lendo com pressa, para publicar rapidamente quando chegasse ao Brasil. É possível, sim, que venha mais detalhes, mas a informação principal já foi publicada”, afirmou o jornalista.

Shellenberger também declarou que o dono do X, Elon Musk, autorizou o acesso a esses arquivos entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2023. Contudo, ele especula que o empresário tenha perdido o interesse ao perceber que a rede social não havia censurado informações relacionadas à COVID.

“Houve muita demanda dentro dos Estados Unidos por informações [do Twitter Files] sobre a covid-19. Publicamos muitas coisas a partir disso. Mas, depois de descobrirmos que o Twitter não havia censurado as informações sobre a covid, ao contrário de outras plataformas, acredito que Elon Musk tenha desanimado e considerado que já havia publicado a parte mais relevante. Mas ainda tenho os arquivos no meu computador”, declarou.

Na quarta-feira (03), Michael Shellenberger, o jornalista norte-americano por trás do Twitter Files Brazil, tornou público uma série de e-mails trocados entre representantes da antiga rede social X (anteriormente conhecida como Twitter) no Brasil e nos Estados Unidos, durante o período de 2020 a 2022. Essa divulgação ocorreu antes de Elon Musk adquirir a empresa. Os funcionários mencionavam repetidos pedidos provenientes tanto do Judiciário quanto do Congresso brasileiro, solicitando que a plataforma fornecesse dados pessoais de perfis presentes na rede social. É importante observar que a empresa teria recusado parte dessas solicitações.

Os e-mails revelaram solicitações de múltiplas instâncias do Judiciário brasileiro, onde requisitavam a divulgação de dados pessoais de usuários que utilizavam hashtags relacionadas ao processo eleitoral e à moderação de conteúdo.

Shellenberger criticou diretamente o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, acusando-o de liderar uma ampla repressão à liberdade de expressão no Brasil. O jornalista afirmou que as decisões de Moraes, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), representam uma ameaça à democracia no país. Isso se deve às intervenções solicitadas em publicações de membros do Congresso Nacional e à divulgação de dados pessoais de contas, o que vai de encontro às diretrizes da plataforma. Os detalhes dos processos mencionados permanecem sob sigilo.

O caso tornou-se conhecido como Twitter Files Brazil, uma referência aos Twitter Files originalmente divulgados em 2022, após a aquisição da X por Elon Musk em outubro daquele ano.

Naquela época, Musk forneceu materiais a jornalistas que destacavam a colaboração da rede social com as autoridades dos Estados Unidos durante as eleições de 2020. Essa colaboração resultou no bloqueio de usuários e na supressão de conteúdo relacionado ao filho do então candidato Joe Biden, que mais tarde se tornou presidente.

Os documentos divulgados pelos jornalistas contêm trocas de e-mails que fornecem, em certa medida, uma visão de como o Twitter lidava com os pedidos dos governos relacionados à política de publicação e remoção de conteúdo. Em algumas situações, a rede social acabava atendendo às solicitações.

No contexto brasileiro, embora Elon Musk não tenha sido explicitamente identificado como a fonte do material fornecido, o empresário expressou críticas a Alexandre de Moraes ao longo desse período.

Redação

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