Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil |
A performance da cantora paraense Aymeê Rocha no programa de talentos gospel "Dom" em 15 de fevereiro reavivou uma acusação de abuso infantil na Ilha de Marajó (PA). Essa denúncia foi anteriormente feita pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF) durante as eleições de 2022.
Na música "Evangelho de Fariseus", de autoria da cantora Aymeê e apresentada durante a semifinal do programa, ela relata o desaparecimento de uma criança na região. Ao ser questionada pelos jurados sobre a letra, a artista mencionou ter se inspirado em casos reais de "pedofilia" na área, uma questão já identificada por autoridades e atualmente sob investigação. Aymeê também fez alusão ao "tráfico de órgãos".
Em setembro do ano passado, a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), revogou o programa 'Abrace o Marajó', anteriormente implementado pelo governo de Jair Bolsonaro, do Partido Liberal (PL). O programa tinha como objetivo combater a exploração sexual de crianças no arquipélago de Marajó, localizado no Pará, que abriga uma população de meio milhão de habitantes.
Antes de encerrar formalmente a iniciativa, em maio do mesmo ano, o governo federal introduziu o programa 'Cidadania Marajó' como substituto da iniciativa anterior liderada pela ex-ministra Damares Alves. De acordo com informações do Palácio do Planalto, essa ação foi alvo de diversas denúncias apresentadas pela Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia da Câmara dos Deputados.
Uma das acusações afirmou que a ação estava sendo utilizada “para a exploração de riquezas naturais e para atender a interesses estrangeiros, sem benefício ou participação social da população local”.
O programa 'Abrace o Marajó' recebeu reconhecimento devido ao seu objetivo de “melhorar o Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios que compõem o Arquipélago de Marajó, através da ampliação do alcance e do acesso da população Marajoara aos direitos individuais, coletivos e sociais”.
Ao iniciar a empreitada, o governo Bolsonaro comunicou um aporte financeiro de R$ 4 bilhões, com coordenação de ações por parte de 16 ministérios, abarcando setores como "geração de empregos, melhoria da dignidade, da educação e da saúde” dos paraenses.
No conjunto, mais de 100 iniciativas foram colocadas em prática, distribuídas entre quatro áreas: desenvolvimento social, infraestrutura, desenvolvimento produtivo e desenvolvimento institucional. Contudo, o governo Lula argumenta que os indicadores não refletem resultados positivos na região.
Com isso, o ‘Cidadania Marajó’ tomou para si a “ênfase na garantia de direitos à população e no enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes”, alegando atuar na “participação social e no diálogo frequente com a sociedade civil, as comunidades locais e outros entes do poder público”, sendo um programa “no enfrentamento de violações sistemáticas de direitos humanos ocorridas historicamente” no Brasil.
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