Kim Jong-un Faz Declaração Preocupante Sobre Guerra

Foto: KCNA VIA REUTERS 

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, novamente fez ameaças de um ataque nuclear à Coreia do Sul e instruiu a aceleração dos preparativos militares em meio a um ambiente de "guerra" iminente, conforme relatado pela agência estatal KCNA neste domingo (31).

Em um discurso extenso, Kim criticou fortemente os Estados Unidos ao término de uma reunião de cinco dias do comitê central do Partido dos Trabalhadores da Coreia, um evento anual que estabelece a orientação estratégica do país.

Durante a reunião, o partido no poder anunciou planos para lançar três novos satélites espiões em 2024, além de fabricar drones e aprimorar as capacidades de guerra eletrônica, de acordo com informações da KCNA.

Em novembro, Pyongyang lançou um satélite militar espião e alegou ter obtido imagens de posições militares dos Estados Unidos e da Coreia do Sul. Em 2023, a Coreia do Norte conduziu um número significativo de testes armamentistas, incluindo o lançamento de seu mais poderoso míssil balístico intercontinental (ICBM).

Kim acusou os Estados Unidos de representarem uma "variedade de ameaças militares" e ordenou que seu Exército monitorasse de perto a situação de segurança na península, instruindo a responder sempre com uma atitude decisiva diante das provocações.

O líder norte-coreano expressou a preocupação de que uma guerra poderia eclodir a qualquer momento na península devido aos movimentos ousados dos inimigos em direção a uma invasão.

Diante das crescentes ameaças nucleares e de mísseis, Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos intensificaram a cooperação em defesa, ativando um sistema para compartilhar dados em tempo real sobre lançamentos de mísseis norte-coreanos.

Recentemente, um submarino americano de propulsão nuclear chegou ao porto sul-coreano de Busan, e bombardeiros de longo alcance foram enviados para realizar manobras conjuntas com Seul e Tóquio. Pyongyang considera essas ações como provocadoras, vendo-as como preparativos deliberados dos Estados Unidos para uma guerra nuclear.

Kim enfatizou a necessidade de uma resposta rápida a uma possível crise nuclear, instando a aceleração contínua dos preparativos para pacificar toda a Coreia do Sul, incluindo a mobilização de meios físicos e forças, incluindo a nuclear, em caso de emergência.

Durante a reunião, Kim declarou que não continuaria a buscar reconciliação e reunificação com a Coreia do Sul, enfatizando uma "persistente e incontrolável situação de crise" na península, que ele atribuiu a Washington e Seul.

As relações intercoreanas encontram-se em um de seus piores momentos, após o lançamento de um satélite espião pelo Norte, levando Seul a suspender parcialmente um acordo militar de 2018 destinado a reduzir as tensões na península.

Segundo a KCNA, citando Kim, "acho que é um erro que não deveríamos seguir cometendo considerar as pessoas que nos declaram como seu ‘principal inimigo’ [...] como alguém com quem buscar reconciliação e reunificação."

O líder norte-coreano deu ordens para a formulação de políticas destinadas a reorganizar os departamentos responsáveis pelos assuntos fronteiriços, visando uma "mudança radical de rumo".

Leif Easley, professor de Relações Internacionais na Ewha University de Seul, observou que a ênfase da Coreia do Norte em suas "significativas capacidades nucleares" parece ter o propósito de encobrir os escassos êxitos econômicos do país neste ano. Ele afirmou que grande parte do que é divulgado pelos veículos controlados pelo Estado é propaganda, e que a retórica belicosa de Pyongyang sugere que suas medidas militares não são apenas para dissuasão, mas também têm implicações internas e de coerção internacional.

No ano anterior, o Norte proclamou-se como uma potência nuclear "irreversível" e incorporou esse status à sua Constituição. Pyongyang argumenta que seu programa nuclear é crucial para a sua sobrevivência. O Conselho de Segurança das Nações Unidas emitiu várias resoluções exortando a Coreia do Norte a interromper seus programas balísticos e nucleares desde o primeiro teste nuclear em 2006.

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