General Júlio César Arruda /Reprodução |
No rescaldo dos acontecimentos de 8 de janeiro, o general Júlio César de Arruda protagonizou acaloradas discussões com o ministro da Justiça, Flávio Dino, ao se recusar a ordenar a detenção dos manifestantes acampados em Brasília. À época, Arruda ocupava o cargo de comandante do Exército, e sua postura contrária à prisão dos golpistas gerou tensão e debates intensos, conforme relato do colunista Guilherme Amado, do jornal Metrópoles.
Segundo informações do jornalista, o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, comandante militar do Planalto, já havia confrontado o interventor Ricardo Cappelli quando este anunciou a prisão dos manifestantes, liderados por ele. A situação atingiu o ápice quando o general Arruda contestou a ordem, afirmando que a tropa da Polícia Militar não teria permissão para efetuar as prisões.
Em uma reunião posterior entre Arruda, Cappelli e os ministros Flávio Dino, José Múcio (Defesa) e Rui Costa (Casa Civil), a tensão entre Dino e Arruda atingiu seu ponto máximo. O general insistiu na devolução dos ônibus apreendidos, utilizados pelos manifestantes, enquanto Dino recusou, alegando que eram evidências de crime. A discussão tornou-se intensa, com elevação de voz e indícios de um conflito iminente.
Intervindo para apaziguar a situação, Rui Costa conduziu a conversa para uma solução conciliatória. Ficou acordado que as prisões ocorreriam na manhã seguinte, resultando na condução pela polícia de cerca de 1200 manifestantes e no desmantelamento do acampamento.
Dias após os eventos, Júlio César de Arruda foi definitivamente afastado do Exército. A decisão ocorreu após o presidente Lula descobrir sua recusa em demitir o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid, atualmente alvo de investigação autorizada pelo STF, está relacionado ao manuseio de recursos em espécie, incluindo despesas pessoais da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, além de sua participação no esquema de falsificação da carteira de vacinação de Bolsonaro e na coordenação dos ataques de 8 de janeiro, conforme sua delação premiada.
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