- Nesses anos, houve uma mudança social e cultural enorme por causa do neopentecostal, do fundamentalismo religioso, por causa da força dos partidos de direita. E nós recuamos, a esquerda como um todo — declarou Dirceu durante uma entrevista no podcast Pod13, promovido pelo PT da Bahia e divulgado no sábado passado. — Hoje, o país está muito politizado, e a direita está ganhando essa disputa político-eleitoral; comentou o ex-ministro, vendo a diminuição da influência da esquerda na 'disputa eleitoral'.
Segundo a análise do ex-dirigente do PT, a principal meta do partido deve ser reestruturar-se para recuperar a relevância política perdida nos últimos anos. Para Dirceu, esse impulso também deve derivar do apoio oferecido pelo próprio PT ao governo, especialmente em relação às medidas propostas e defendidas pela administração de Lula.
— Discutir, debater dentro da bancada, dentro do ministério, dentro do partido e com o governo, tudo bem. Mas quando o governo apresenta uma política, nosso papel é apoiar. No caso do Haddad, é quase uma covardia nós não darmos apoio total a ele para todas as medidas que ele queria, porque transformam o déficit zero em um mal menor — De acordo com Dirceu, sem mencionar explicitamente Gleisi, ele abordou os vários confrontos públicos ocorridos entre a presidente do PT e o ministro da Fazenda ao longo do último ano.
Desde o início do terceiro mandato de Lula, a presidente do PT contestou diversas medidas anunciadas e respaldadas pelo ministro da Fazenda. Em um episódio mais recente, em dezembro, os dois discordaram sobre a necessidade de um déficit fiscal para impulsionar o crescimento econômico. Enquanto Gleisi divergiu de Haddad e criticou a meta de déficit zero, uma das principais propostas do ministro, o petista afirmou que não há uma relação direta entre o déficit e o crescimento do PIB.
Em abril, ela expressou críticas ao alto escalão de Haddad por modificações no limite de gastos com saúde e educação, apoiadas na época pelo secretário do Tesouro, Rogério Ceron. Em declaração ao GLOBO, na ocasião, ela mencionou que Haddad "nunca discutiu isso conosco", referindo-se ao membro da equipe econômica, e expressou a esperança de que "o debate não seja conduzido dessa maneira".
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